Algo puro -
Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração
humano o desejo
de O ver. Mesmo que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não
cessa de atrair o
homem a Si, para que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e
de felicidade,
que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um
ser religioso,
capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com
Deus que
confere ao homem
a sua dignidade fundamental.
Ao conhecer Deus só com a luz da razão, o homem experimenta muitas
dificuldades. Além disso, não pode entrar só pelas suas próprias forças na intimidade
do mistério divino. Por isso é que Deus o quis iluminar com a sua Revelação não
apenas sobre verdades que excedem o seu entendimento, mas também sobre verdades
religiosas e morais que, apesar de serem por si acessíveis à razão, podem deste
modo ser conhecidas por todos, sem
dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro.
Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra para fazer dele “o
pai duma multidão de povos” (Gn 17,5), e promete abençoar nele “todas as
nações da terra” (Gn12,3). Os descendentes de Abraão serão o povo eleito,
os depositários das promessas divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel
como seu povo salvando-o da escravidão do Egipto; conclui com ele a Aliança do
Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés.
Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e uma salvação que
incluirá todas
as nações numa Aliança nova e eterna, que será gravada nos corações. Do povo de Israel, da
descendência do rei David, nascerá o Messias: Jesus.
A Revelacao de Deus É realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo,
mediador e plenitude da
Revelação. Sendo
o Filho Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do
Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está,finalmente,
completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao longo
dos séculos.
Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da
verdade»
(1 Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo. Por isso, é necessário que
Cristo seja anunciado a
todos os homens, segundo o seu mandamento: «Ide e ensinai todos os
povos» (Mt 28,
19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica. A Tradição Apostólica
é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do
cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos
inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e,
através deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam
de Cristo e
aprenderam do Espírito Santo.
Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus:
todos os
seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor
permanente. Eles dão
testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos
sobretudo
para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.
O Novo Testamento, cujo objecto central é Jesus Cristo, entrega-nos a
verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos de Mateus,
Marcos, Lucas e João, enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina
de Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único
na Igreja. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao
Antigo: os dois iluminam-se mutuamente.
Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a
fé e a ciência
porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a
luz da
razão seja a luz da fé.
Igreja, embora formada por pessoas de diferentes línguas, culturas e
ritos, professa,
unânime e a uma só voz, a única fé, recebida dum só Senhor e transmitida
pela única
Tradição Apostólica. Professa um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo –
e manifesta
uma única via de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e
numa só alma,
tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e
nos é proposto pela
Igreja como divinamente revelado.
A afirmação «Creio em Deus» é a mais importante, a fonte das outras
verdades
respeitantes ao homem, ao mundo e à nossa vida de crentes n’Ele.
O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima
Trindade. Os
cristãos
são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do
universo e do
homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que
é o seu
Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» (Heb1,
3). E a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai
e ao Filho.Ele «procede do Pai» (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio,
é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque),
pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho
encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja
«ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).
O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do
mundo, ainda
que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída ao Pai.
A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal se do próprio mal
não extraísse
o bem. Deus realizou admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição
de Cristo:
com efeito, do maior mal moral, a morte do Seu Filho, Ele retirou os
bens maiores, a
glorificação de Cristo e a nossa redenção.
A Sagrada Escritura diz: «No princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn
1,1). A Igreja,
na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas
visíveis e
invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos
e do mundo visível,
e em particular do homem.
Afirmar que o homem é criado à imagem de Deus significa que ele é capaz
de conhecer
e amar, na liberdade, o próprio Criador. É a única criatura, nesta
terra, que Deus quis
por si mesma e que chamou a partilhar a sua vida divina, no conhecimento
e no amor.
Enquanto criado à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não
é uma
coisa mas alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente
e de entrar em
comunhão com Deus e com as outras pessoas.
Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para conhecer,
servir e amar a
Deus, para Lhe oferecer neste mundo toda a criação em acção de graças e
para ser
elevado à vida com Deus no céu. Só no mistério do Verbo encarnado se
esclarece
verdadeiramente o mistério do homem, predestinado a reproduzir a imagem
do Filho de
Deus feito homem, que é a perfeita «imagem de Deus invisível» (Col 1,
15).
That’s all for now.... E assim acaba por enquanto...