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7/24/13

Lauro Muller SC Henrique Lage Mineracao


 
 
Artigo de Marcos Juvencio Moraes  - (nao foi escrito por Milton Araujo) Este artigo foi copiado de sua obra - .
 
A Atuacao da Companhia de Mineracao em Lauro Muller, SC Brasil

 

Este artigo foi elaborado a partir dos resultados preliminares da pesquisa de uma
iniciação científica realizada no âmbito do projeto de pesquisa intitulado “As experiências educativas promovidas pelas freiras do Instituto Coração de Jesus na Vila Operária de Guatá, da Companhia Barro Branco, em Lauro Müller/SC”. O referido projeto está vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Diretoria de Pesquisa da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). O objetivo do texto é analisar como se deram as transformações históricas, econômicas e políticas na Vila Operária de Guatá, Lauro Müller- SC. O período a ser analisado se estende desde o princípio da
descoberta do carvão, no final do século XIII, até a incorporação da Companhia Nacional de Mineração do Carvão Barro Branco (CNMCBB) por outra carbonífera, em 1988. Para isto, o presente texto está dividido em cinco partes. Na primeira parte, discutiremos quais foram as primeiras medidas tomadas a partir da descoberta do carvão na cabeceira do Rio Tubarão; na segunda parte, trataremos do surgimento da CNMCBB, sua administração, sua estrutura e as transformações ocorridas na cidade; na terceira parte, discutiremos sobre a implantação das vilas operárias da Companhia Barro
Branco, das condições de vida dos trabalhadores e os meios de controle exercidos pela empresa; na quarta parte nos deteremos à Vila Operária de Guatá, enfocando problemas como: mortalidade infantil; vícios e prostituição, condições de trabalho dos operários e as perseguições políticas desencadeadas pelos dirigentes da empresa em relação aos seus trabalhadores e ao movimento sindical mineiro; em seguida, trataremos do encerramento das atividades da CNMCBB, em Lauro Müller; finalmente, apresentaremos algumas considerações sobre a história do carvão no município de Lauro Müller e suas repercussões econômicas, sociais e políticas que incidiram diretamente
na vida dos operários e suas famílias.

A cidade de Lauro Müller foi o palco da primeira descoberta do carvão mineral,


na região sul catarinense, do século XIX. Uma das versões é que essa descoberta se deu

pelos tropeiros que vinham do planalto serrano, transitavam pelo vale do Rio Tubarão

em direção ao Porto de Laguna e acampavam na localidade que hoje se denomina Barro

Branco. Lá utilizaram o carvão, até então não conhecido, para apoiar as panelas onde
cozinhavam sua comida. Ao fazerem isso, os tropeiros notaram que essas pedras

queimavam como a lenha utilizada no fogo.
 
Mas, a descoberta do carvão também pode ter se dado pela procura do ouro e da

prata na serra catarinense, em uma época em que a exploração mineral do ouro, da prata

e outros minérios geravam grandes riquezas. Foi, então, que por ter uma grande parte de

terras na serra catarinense, que Marques D’Arzão desbravou seu território em busca dos

minérios tão valiosos, e deparou-se, através de suas escavações, com o que pensava ser

prata. Mas tarde, cerca de 1790, Antônio José da costa e seu filho também se depararam

na estrada de Lages com as pedras brilhantes, também pensando ser prata, mas na

verdade era pirita, assim comprovando a existência do carvão em Santa

Catarina.

Sendo o carvão descoberto pelos tropeiros que desciam a serra para

comercializar seus produtos ou por Marques D’Arzão em busca de ouro, o carvão foi

descoberto e, a partir de então, muitas pesquisas sobre o mineral foram feitas.

De 1827 a 1860, vários especialistas se dedicaram à tarefa de pesquisar sobre as

informações do carvão no sul catarinense, uns a mando do governo, outros por conta

própria. Verificaram se o referido mineral tinha possibilidade de exploração econômica.

O primeiro especialista veio em 1827, chamado Friedrich Sellow, a mando do governo

imperial. Em seguida, vieram outros cinco, por último, em 1839 um geólogo, Júlio

Parigot. Este, por sua vez, teve grande destaque em seus estudos, incentivando assim a

exploração carbonífera. Também teve a concessão de construir uma empresa para a

exploração do carvão nas minas de Tubarão, o que não se tornou possível por falta de

capital.

Com a intenção de comercializar o carvão mineral do Vale do Rio Tubarão, o

visconde de Barbacena conseguiu com o governo, em 1861, autorização para a

exploração do carvão. Mais tarde, formou uma empresa com capital inglês denominada

THE TUBARAO BRASILIAN COOL MINING COMPANY LIMITED e uma outra

autorização, alguns anos depois, para a construção da estrada de ferro que levaria o

carvão das jazidas até o Porto de Imbituba, também em Santa Catarina. E, para a

construção da estrada de ferro, foi constituída em 1876, a companhia Inglesa THE

DONNA THEREZA CHRISTINA RAILWAY COMPANY LIMITED.

Barbacena começou a exploração do carvão catarinense que estava situado na

região onde hoje fica a cidade de Lauro Müller e deveria ser transportado até o Porto de

Imbituba para seu comércio. As obras da então estrada de ferro já citada, começaram em


1880 e terminaram em 1884, sendo que o primeiro carregamento de carvão feito para o

Porto de Imbituba foi em 1886 (DAMÁSIO, 2000, p.3). A administração do grupo

inglês nas minas de carvão catarinense sofrem com as crises de produção, pois ainda

não havia mão de obra especializada. Os ingleses então, viam um futuro não tão

promissor para continuar com essa companhia, assim abandonaram a área minerada e a

direito de explorar foi repassado para a empresa Lage & Irmãos, do Rio de Janeiro. Aos

poucos, a Lage & Irmãos foi se tornando proprietária de todas as minas de carvão da

região da atual cidade de Lauro Müller. A empresa mineradora ficou parada de 1887 até

1916 e, posteriormente, os ingleses perderam o direito sobre a estrada de ferro, que foi

repassada para os norte-americanos, sob a administração de Farquhar. Mas a proposta

não teve bons resultados e em 1918 a ferrovia passou às mãos de Henrique Lage, firma

Lage & Irmãos.
O grupo Lage & Irmãos era formado por Henrique Lage e seus irmãos, Antonio

e Américo, eles já possuíam muitas empresas que atuavam no Brasil, sendo algumas

delas: de Navegação, de gêneros alimentícios, transporte de rodagem, o Banco Sul do

Brasil, além de outras. A compra da carbonífera dos ingleses e a estrada de ferro dos

norte-americanos aumenta ainda mais o patrimônio do grupo e dá um novo impulso

econômico à região sul de Santa Catarina. A empresa carbonífera que estava parada

após a transação de compra e venda, volta a funcionar nas mãos de Henrique Lage em
1916.

O mundo estava sofrendo com as causas e conseqüências da Primeira Guerra

Mundial. No Brasil, a crise causa uma grande perda na arrecadação federal. Os preços

do café e da borracha baixaram, gerando prejuízo na importação e exportação, de onde

eram cobrados impostos. O combustível e a energia também levaram a uma diminuição

dos lucros das empresas. Houve uma necessidade de energia e por conta disso viu-se

uma saída na ampliação da exploração do carvão mineral como fonte energética.

A firma Lage & Irmãos, a partir de então, recomeçou a extrair o carvão no sul

catarinense, visando o novo foco do mercado que era propício e, também as

necessidades de suas outras companhias, como a Nacional de Navegação Costeira que

transportaria o carvão pelo mar.
A empresa carbonífera não se chamava mais THE TUBARAO BRASILIAN

COOL MINING COMPANY LIMITED, passa a ser denominada CNMCBB—

Companhia Nacional de Mineração de Carvão Barro Branco. Esta vinha sendo

preparada para tornar-se uma sociedade anônima no ano de 1917, mas isso só aconteceu

de fato em 1922.

No ano de 1917 já existia uma carbonífera chamada CBCA—Companhia

Brasileira Carbonífera de Araranguá, sendo que essa já era uma sociedade anônima. A

CBCA estava em crise financeira, não tinha capital suficiente para atingir as metas


determinadas. Então, seus proprietários buscaram novos interessados a investirem

capital financeiro na empresa. Foi então que, Henrique Lage se tornou o maior acionista

da CBCA. Henrique Lage comprou a maior parte das ações da empresa e incorporou

mais uma carbonífera entre seu grupo de empresas.

Lage, durante toda a sua vida de empreendimentos, buscou sempre ampliar seus

negócios, foi homem de visão empresarial, ampla e por isso conseguiu formar um

grande patrimônio empresarial. Entre essas estavam: empresas carboníferas, de

transporte —tanto ferroviário como de rodagem— companhia de construção civil, de

energia elétrica, de extração de óleo natural, entre outras, formando ao todo 29 empresas

que funcionavam sob seu acompanhamento. (SOUZA, 1922, p.93-94)

Possuindo duas carboníferas em Santa Catarina, Henrique Lage precisaria de

uma grande equipe para produzir e dirigir as empresas. Buscou assim, ampliar a mão de

obra e também engenheiros para dar andamento a essas empresas. Um deles foi Walter

Veterlli que ficou na empresa CNMCBB de 1916 até 1941 e após Valdir Cotrin. Os dois

engenheiros dirigiram a carbonífera desde o principio e investiram não só em novos

métodos de produção, mas também de dominação. Foi na administração de Veterlli que

se construiu o castelo de Lauro Müller a mando de Henrique Lage para homenagear sua

esposa Gabriela, servindo o castelo posteriormente como casa para os engenheiros

dirigentes da empresa. Na administração de Cotrin se construiu as Vilas Operarias com

grandes estruturas.

A CNMCBB e a CBCA eram duas empresas carboníferas, pertenciam ao mesmo

proprietário, mas eram independentes, ou seja, produziam por si só, não dependiam uma

da outra para a extração do carvão.

Além de todo um aparato de dominação e fixação dos operários, à estrutura de

produção da CNMCBB estava organizada da seguinte forma: diversas minas espalhadas

pela cidade de Lauro Müller, Usinas que forneciam energia para todos as localidades de

suas instalações, nas diversas vilas operárias e para todos os equipamentos da extração
 
do carvão, oficinas mecânicas bem aparelhadas para o concerto das ferramentas usadas
 
no trabalho nas minas, várias máquinas para a lavra do carvão, olaria onde
 
aproveitavam a camada de barro extraída do sub-solo para fazer tijolos e telhas,
 
depósitos para o armazenamento do carvão escolhido e lavado, vagonetes para o
 
transporte do produto extraído, lavadores que faziam todo o processo de beneficiamento
 
do carvão até o estoque, reservas florestais plantadas sobre o rejeito do carvão, serraria
 
que fabricava tábuas para a construção de vagonetes , trilhos, casas e também para os
 
escoramentos das minas.
 
Apesar da Cia. Barro Branco ter tudo que necessitava para ser uma grande
 
empresa, ela não remunerava o trabalhador de maneira suficiente para a sua
 
sobrevivência. Os trabalhadores de Lauro Müller eram os mineiros mais mal
 
remunerados do sul de Santa Catarina, na região carbonífera. (GOULARTI FILHO,
 
2004). Por ser apenas a única instalada na cidade exerceu o monopólio da riqueza da
 
localidade, tinha total poder político nas decisões da cidade, moldou tudo a seu ver e às
 
suas necessidades. Muitas greves foram feitas para buscar os direitos dos operários,
 
algumas com vitórias e muitas outras com derrotas, sendo os trabalhadores participantes
 
das greves despedidos.
 
Por muitas vezes, o sindicato dos mineiros de Lauro Müller deixou de participar
 
das greves mantidas pelo conjunto de todos os outros sindicatos da região sul
 
catarinense, por medo das represálias de que a Cia Barro Branco pudesse vir a fazer.
 
Então, assim acontecia: os dirigentes dos sindicatos de Criciúma iam para Lauro Muller
 
e acampavam na localidade para forçar os trabalhadores a não irem trabalhar, forçando
 
uma greve total dos mineiros, para que assim pudessem todos lutar em união pelo
 
mesmo objetivo, como relata o Sr. Manoel Neri Carvalho, mineiro aposentado da
 
CNMCBB.
 
No primeiro ano da abertura da CNMCBB, em 1917, a produção de carvão
 
extraído do sub-solo foi de 25 toneladas diárias (BOSSLE, 1981, p.32-33) mostrando
 
assim, que os investimentos estavam sendo bem empregados, fazendo também com que
 
a economia da localidade mudasse significativamente.
 
Lauro Müller, que era chamada de Minas, enquanto pertencia a Tubarão, pois lá
 
era onde se encontravam as minas carvoeiras, passou com a exploração do carvão a
 
abrigar pessoas de várias localidades e nacionalidades diferentes. Segundo Dall’Alba

para Guatá migraram pessoas do Braço do Norte, interior de Tubarão, de Imaruí,

descendentes de Italianos, de Portugueses e Alemães e até nativos da região de Laguna,

além de nordestinos e também ex-presidiários reabilitados da Penitenciaria Pública de

Florianópolis. (DAMÁSIO, 2000, p.5). Até então, esta localidade era um lugar

desabitado, havendo apenas alguns agricultores, que mais tarde também passaram a

exercer a profissão de mineiro, devido a melhores rendas e melhor status social. E, com

a chegada da ferrovia e a instalação da CNMCBB, Lauro Müller passou a ter

movimentação constante com a nova atividade econômica. Tornando-se distrito em

1915, vila em 1922, passando a município em 20 de janeiro de 1957.

Em 1922, os Irmãos Lage se associaram a Arnaldo Werneck e Augusto Rocha

tornando assim a companhia CNMCBB uma sociedade anônima, com o nome de

Companhia Nacional de Mineração do Carvão Barro Branco S/A. (DALL’ALBA, 1986,

p.363)

A companhia CNMCBB que vinha crescendo ano a ano importou em 1931,

1.333.795 toneladas de carvão (BOSSLE, 1981, p.62). A partir de 1933, as empresas

carboníferas aumentaram sua produtividade devido ao incentivo à exploração do carvão

nacional que era visto como uma saída para maior investimento nos produtos

brasileiros, mantendo uma estrutura econômica onde o carvão passou a ser a principal

fonte de capital para o país, enquanto o mundo vivia a crise da quebra da bolsa de Nova

York em 1929.

O poder de transformação dos territórios que a Cia Barro Branco tomava conta é

apontado por Belolli, a partir de uma matéria vinculada no jornal “O Direito” de

Orleans, de 21 de novembro de 1926:
Lauro Müller, onde a opera firma Lage e Irmãos transformou aquele distrito

outrora despovoado numa magnífica vila operaria. Oficinas bem notáveis lá

se encontram, como sejam: serraria, ferraria, uma grande charqueada,

estabelecimentos munidos dos mais aperfeiçoados aparelhos para a lavagem

do carvão, uma ideal fábrica de telhas e de tijolos refratários, sendo tudo isso
movido por uma colossal usina elétrica. (BELOLLI, 2002, p.274

Pode-se notar que Lauro Müller era um lugar praticamente desabitado que foi

transformado em um lugar de grande estrutura voltada para a exploração do carvão,

mostrando o grande poder da indústria carbonífera Barro Branco na construção das vilas

operárias.
Com a administração de Veterlli, mais precisamente em 1921, são implantadas

algumas casas operárias para fixar o trabalhador perto do trabalho. São as primeiras

casas de vila operária de Lauro Müller. Perto da região onde foram construídas as casas

da Vila Operaria de Guatá, existia uma localidade hoje denominada de Barreiros, que

possuía casas de barro e palha, com armaduras de bambu, certamente essas casas foram

construídas por trabalhadores, provenientes das minas da CNMCBB. Esses pequenos

casebres não davam o mínimo de conforto ao morador, pois eram frias e não possuíam

assoalho, eram de chão batido e nelas ainda tinha barbeiros, insetos causador do mal de

chagas. Então nos anos que se seguiram, a Cia Barro Branco construiu casas para

melhor acomodar seus trabalhadores e para ter maior controle sobre os mesmos.

Algumas das vilas operárias construídas pela empresa foram: Barro Branco velho e

novo, Itanema, Lauro Müller (vila no centro da cidade) e Guatá, que será enfocada neste

trabalho.

Nos relatórios do DNPM— Departamento Nacional de Produção Mineral,

podemos analisar as vilas operárias de Barro Branco velho e surgimento do Barro

Brando novo através das descrições feitas sobre as mesmas:
Nas imediações da mina não há propriamente uma vila operaria, na acepção

própria do terreno. As casas estão dispersas aqui e alí, compondo um

aglomerado de habitações, onde residem os operários com as respectivas

famílias. Há, entretanto, mais além, numa localidade que já tomou o nome de

“Barro Branco”, um conjunto de casas incluindo uma igreja e escola,

desposto paralelamente aos dois lados da estrada que liga Lauro Muller a

Treviso, e que se pode considerar como sendo a verdadeira vila operaria com
cerca de 60 casas, mais ou menos. (RELATÓRIO do DNPM, 1940,


p.121-122)

No mesmo relatório é possível encontrar, também, a descrição da vila de Guatá:
Há um projeto de construção de 2 vilas operarias distintas, ligadas entre si

por uma larga avenida com 100 casas cada uma, de construção modesta, mas

dotadas de todo o conforto, inclusive água encanada, iluminação elétricas e
fossas sanitárias. (RELATÓRIO do DNPM 1940, p.124)



A maior vila operária do município de Lauro Müller, era a que estava localizada

no centro.
Conta 120 casas de madeira, todas do mesmo tipo e geminadas. É a

verdadeira vila operarias da mina, porque o que há nas mediações do Barro

Branco Velho não passa de um aglomerado de habitações mal feitas,
provisórias, que abrigam o pessoal não permanente do serviço. Fato singular:

esta vila não é iluminada a luz elétrica, o que contrasta com o resto da

localidade, onde residências particulares, bar, cinema, hotel, estação da

estrada de ferro, etc., apresentam este imprescindível melhoramento.
(RELATÓRIO do DNPM 1940, p.28)



O método de vila operária era eficaz, já existia no Brasil, mas teve seu principio

na Europa, devido à industrialização. A vila operária foi criada para dar maior

sustentabilidade de produção às empresas, pois os trabalhadores não precisariam estar se

locomovendo em grandes percursos da casa até o trabalho. Esse método de moradia,

também surge num âmbito de dominação, onde os burgueses desejavam além de uma

produção maior para suas empresas, um maior controle sobre seus empregados para que

esses não viessem a causar danos futuros aos seus negócios.
A vila operária além de servir como agrupamento de todos os trabalhadores

da empresa, servia para um melhor controle de vida e de produção dos

mesmos. Com todos vivendo no mesmo local, os burgueses, patrões,

poderiam impor métodos de vivencia adequados para uma melhor disposição

do trabalhador. .(RAGO, 1997, p. 23)
Então, através desse método de construção de uma vila de moradia só para

trabalhadores, os patrões teriam uma forma maior e melhor de supervisionar os hábitos,

os costumes, as brigas, as relações familiares, a vida em geral de todas as pessoas que

viviam na vila, sabendo de tudo o que acontecia com seus empregados. A esse respeito

Decca nos faz pensar ao afirmar que:
Os meios operários eram vistos por instituições e grupos dirigentes como



extremamente perniciosos para a “moral e a disciplina do trabalho”, focos de

agitação e revolta social. Hábitos operários no escasso tempo de lazer eram

considerados vícios, e a recreação do operário eram considerados

“improdutivos”. (DECCA, 1987, p.89)
O método de vila operária passa a ser mais utilizado com a nova administração

da Cia. Barro Branco.

Com a saída do então engenheiro Walter Veterlli que foi transferido para o Rio

de Janeiro onde iria exercer a função de administrador dos negócios do Henrique Lage,

chegou um outro engenheiro: Valdir Cotrin.

Com a administração de Cotrim novas formas administrativas são instaladas.

Devido à alta do mercado carvoeiro, a partir de 1940, novas formas de produção e de

dominação foram investidas em Lauro Müller, desenvolvendo métodos mais modernos

na extração do carvão e implementando as vilas operárias. Foram construídas para os

mineiros: escolas, armazéns, farmácias, consultório médico, ambulatório, redes elétricas
para as moradias, campo de futebol, parque para diversão das crianças. Algumas

regalias foram dadas para os engenheiros como piscina e cinema na sede da empresa e

também casas de alvenaria. Pode-se aqui fazer uma comparação entre a casa dos

trabalhadores que dispunha de dois quartos uma cozinha e uma sala, e a casa do

engenheiro chefe da empresa, o castelo,.

Os métodos de dominação dessa administração não eram só o corpo a corpo

como fazia na administração de Walter Veterlli, aqui existiu um grande aparato para

fixar ainda mais os trabalhadores nos arredores da empresa.

A companhia contava com uma estrutura considerável, com todos os meios para

fixar o operário ao trabalho e à vila operária — como a escola, a farmácia, as vendas, o

escritório, a higienização das famílias, os clubes, o teatro, o cinema etc. Assim, os

operários não precisavam se locomover para fora do local onde moravam, pois tinham

tudo o que necessitavam na sua vila operária, a empresa fornecia tudo através de suas

instalações.

Foi instalado escritório da CNMCBB perto das casas dos operários, foram

desenvolvidos lugares para lazer onde todos se divertiam, existia time de futebol onde

os mineiros jogavam (quando havia jogo os mineiros que faziam parte do time eram

liberados do trabalho para treinar e jogar). A empresa organizava as festas escolares,

fazia festas na cidade para reunir todos os seus trabalhadores. Para reunir todas as

pessoas, forneciam transporte gratuito pela ferrovia Tereza Cristina, organizavam jogos

de futebol dos times de Henrique Lage contra os times de Orleans, Tubarão, Laguna e

Imbituba. A CNMCBB possuía três times de futebol, o time de Guatá com o nome de

Clube Guatá, e o time do Barro Branco com o nome de Atlético Mineiro e o time

Henrique Lage que carregava o nome do proprietário da empresa. Esses times

competiam por todo o Estado de Santa Catarina.

A CNMCBB por ser a única em Lauro Müller, exercia todo o poder político da

cidade, mantinha nas suas vilas meios de dominação bastante eficazes sobre os

trabalhadores. Isso ocorria através dos clubes onde os mineiros jogavam e criavam

vínculo com as cores da bandeira da Cia, através da escola onde moldavam as crianças

com os princípios burgueses, do trabalho que exigiam disciplina, nas casas através da

higienizaçao, na vila operária em geral, onde todos vigiavam todos. Isso acontecia tanto

na vila operária de Guatá como na de Barro Branco e todas as outras dessa companhia.

Sempre visando a disciplina para o trabalho, pois o trabalhador passou a cumprir a risca

todas as suas obrigações, assim gerando mas lucro para a mineradora.
Rago nos deixa claro, a respeito deste fato, que são muitas as formas de poder e

de dominação da classe burguesa sobre o cotidiano do trabalhador, descrevendo que a

influência deste poder está na fábrica, na escola, na família, no bairro, na rua, sendo

difícil para os operários escaparem e resistirem a todas essas influências. (RAGO, 1997,

p.17)

A CNMCBB desde seu principio foi administrada pelo engenheiro Walter

Veterlli, esse por sua vez era rigoroso em suas atividades e dirigiu a firma desde 1916

até 1941, quando Henrique Lage morreu.

Luis Fernando Camacho, tesoureiro da CNMCBB descreveu a administração de

Veterlli na obra de Dall’Alba da seguinte forma:
Homem energético, espírito batalhador, conseguiu dirigir a Companhia por

bem 25 anos. Atravessou diversas dificuldades, sendo a maior no período de

1929 a 1932, anos de grande recessão mundial. Com tino administrativo,

paralelamente à mineração, instalou muitos colonos em áreas cultiváveis,

arrendando-lhe a terra. [...] Implantava muita disciplina, e recompensava com

aumento de salário os que se esforçavam em tarefas. (DALL’ALBA, 1986,

p.358)
Percebe-se que o senhor Veterlli era um administrador com grande visão, mas



também era repressor e mantinha os empregados no trabalho com rigidez. Fazia,

inclusive, vistorias nas casas operárias com freqüência de acordo com Luis Fernando

Camacho.

Na mesma obra de João Leonir Dall’Alba constam relatos de José Luís, que foi

trabalhador da Cia Barro Branco (CNMCBB), sobre seus superiores. Ele descreve então

que Walter Veterlli era um homem mau, carrasco, pois a qualquer instante ele poderia

aparecer para fiscalizar os trabalhos dos operários. Sobre Valdir Cotrin, diz que era um

homem bom, bom até demais, pois foi Cotrin que instalou todas as novas casas, escolas,

farmácias etc, em Lauro Müller. Dr Edgar Coelho de Sá era ruim e, houve duas greves

por causa do aumento do salário. Rubens da Silveira era regular, o seu defeito era não

atender os operários. E Dr Dieter Dihlmann que era homem muito severo. Além desses

diretores ainda na Cia. Barro Branco trabalhou Álvaro Catão e Sebastião Neto Campos,
de quem seu Neri2 relata as seguintes lembranças: “ dos catão eu não posso falar nada,



porque eram uns jaguara que vieram de Criciúma, igual veio o ‘tião medonho’ ,

Sebastião Netto Campos” . Seu Neri vivenciou uma administração severa da Cia Barro

Branco, com o Sebastião Neto Campos como diretor e posteriormente proprietário,
2 Manoel Neri Medeiros. Entrevista citada.



denominado pelos trabalhadores de “ tião medonho” , pois fazia juízo ao apelido. Sobre
isso, seu Neri ainda comenta:



[...] quando o tião veio pra cá, nós já sabíamos que ele era um carrasco, um

dia os mineiro pegaram ele e levaram ele pra serra fita e iam atorar ele, daí

teve dias que teve proteção de outros e interviram. Ele para cá era um

demônio, o homem chegava no escritório da Cia., os funcionários ficavam

quase loucos de medo. O Bastião veio para cá dando de relho na turma. Ele

invocou-se com o mineiro velho, o mineiro tarefeiro, ele qualquer uma, vinha

uma pedrinha de nada num carro de carvão de 800 quilos ele mandava virar
na rua, ai o operário perdia. Ai era macaco. (Neri3)



Enfim, tratando das vilas operárias, tomamos Guatá como o foco das pesquisas,

pois é uma das vilas que mais se destacou no cenário da política e da situação de

pobreza na vida dos trabalhadores.
9LOD RSHUiULD GH *XDWi
Para Margareth Rago, “ historicamente a classe burguesa se mostra mais

organizada que a classe operária” (1997, p.7). Os burgueses têm consciência de que

fazem parte da classe dominante-exploradora da sociedade, já os operários, a classe

desfavorecida e explorada pelo sistema capitalista, não têm total consciência de classe

social. Por isso, podemos ver através da história, que sempre uma pequena minoria da

classe operária buscou se movimentar a favor de seus próprios direitos. Então, por

acomodo da classe trabalhadora a burguesia busca um método muito prático e de

melhor dominação para agrupar o maior número de empregados de uma mesma

empresa em um só lugar, assim poucos supervisores poderiam vigiar muitos

trabalhadores ao mesmo tempo. A Vila Operária.

Como este meio de vida para os trabalhadores já existia no Brasil e também na

própria cidade de Lauro Müller, foi ao decorrer das explorações de carvão em Guatá

que se implantou a Vila Operária na localidade.

No auge da exploração carbonífera, metade do século XIX, a vila de Guatá

possuía casas de moradia para a habitação dos operários (com aluguéis simbólicos, mas

que deveriam ser pagos), escolas, casas comerciais, igreja, clube de esportes, banda de

música, teatro, cinema, clube de baile, farmácia etc. Tudo o que uma pessoa necessitava

para viver na vila operária existia, além de ter o escritório da companhia para manter um
3 Manoel Neri Medeiros. Entrevista citada.



controle da localidade e tratar dos assuntos dos trabalhadores sem que eles precisassem
sair da vila para irem até a cede da empresa. Assim, a vila se tornou uma mini cidade.

Seria bom ressaltar alguns problemas que existiam neste lugar.
 
 
 
 
Devido a intensa exploração de carvão à céu aberto, desde o ano de 1942, com

extração manual e animal, foram geradas pilhas e pilhas de rejeitos, que eram

depositados pelas carboníferas da região, sem qualquer preocupação sobre as matas

virgens e em riachos e rios. O descuido com a natureza trouxe para população

Guataense uma série de doenças que não eram tratadas, pois a vida das famílias

mineiras da Vila Operária eram muito difícil. No início, a vila Operária de Guatá,

possuía poucas casas individuais, a maioria era geminada, tudo era precário, não havia

luz elétrica e nem água encanada nas casas. Poucas pessoas moravam na localidade, e é

como diz dona Erotides que foi morar em Guatá na década de 1950: “Quando eu vim

pra cá, era fraquinha ainda. Tinham poucas casas. Ali naquela rua tinham casas de

‘lança’ ” . A casa de “ lança” que ela fala, são as casas geminadas, e quando se refere a

“ fraquinha” é porque não existiam muitas casas, portanto a vila ainda era pequena. A

luz elétrica não existia, as casas eram iluminadas à gasômetro, os banhos eram na água

gelada ou água esquentada no fogão. A água era ruim, poluída. A água para beber tinha
que se buscar nas grotas ou bicas4. “ Água boa para tomar a gente tinha que buscar lá na



‘grota’ ” , diz dona Erotides. A água era fornecida pela Cia Barro Branco por

encanamentos de muitos anos. Segundo seu Neri há uns 40 anos atrás, essses canos

eram de ferro e só eram trocados quando furavam. Então, estavam cobertos de

ferrugem, por dentro e por fora, causando danos à saúde da população. Mas, a água não

era apenas um fator de doenças, ela causava muitas mortes e essas mortes na sua

maioria eram de crianças. “ As águas poluídas eram ingeridas pelos moradores que

morriam a míngua, sem qualquer cuidado. As crianças que viviam ali morriam quase
todas por estarem tomando aquela água poluída.” (Neri5)



Quando falamos da água da localidade de Lauro Mülher no período da

exploração do carvão, falamos de uma água poluída, sem qualquer tipo de tratamento
4 Bicas, eram torneiras que ficavam geralmente nas esquinas das ruas, e ali podia se pegar a agua



necessária para uso pessoal das familias.
5 Manoel Neri Medeiros. Entrevista citada.



antes de ser distribuída para o consumo da população. O reservatório de água desse

local, era desrrespeitado sem que ninguém tomasse o devido cuidado com a aréa de

conservação da água. Nele foi encontrado animais mortos e lixo, sendo que não se

possuía a consiência de que a preservação da água era de extrema importância para a
qualidade de vida daquelas pessoas, segundo Dieter Dihlmann6. Além, de não cuidarem



da água e de sua forma de distribuição, ainda não tinham o cuidado de tratá-la para uso

doméstico, sendo que as familias a consumiam para sanar todas as suas necessidades. A

água poluída fornecida pela Barro Branco era ingerida pelas gestantes, que poderiam

adquirir doenças futuras para seus filhos, pelas crianças que adoeciam e, sem o devido

tratamento médico, morriam. Outro fato de descuido com a saúde das crianças, era o

tratamento com a higienização da familia, os moradores da vila de Guatá eram pobres,

não tinham condições necessárias para manter suas casas limpas, por sua vez, suas

habitações eram pouco higienizadas, sendo então, tão cômodo estar na rua como estar

dentro de suas casas. Isto porque a empresa mantinha uma estrutura de vila ampla para

facilitar a vida do trabalhador, mas não mantinha o salário necessário para que esses

trabalhadores usufruíssem de melhores condições de vida. Tornando-se alvos de

doenças.

Quando pensamos em mortalidade infantil, não pensamos em um número

exagerado de mortes, mas esse não é o caso de Guatá. Nessa vila morriam de 2 a 3

crianças por dia, seu Neri diz que o cemintério “ parecia que era uma guerra” de tantas

crianças mortas enterradas, uma ao lado da outra. Para se ter uma idéia, era muito difícil

o túmulo com uma só criança. Em visita ao local, percebemos que em determinados

túmulos foram enterradas até seis crianças. Isso acontecia porque as famílias não tinham

condições de fazer túmulos para as crianças, e como havia muitas mortes de crianças em

uma só família, todas eram colocadas no mesmo local. A Cia Barro Branco era quem
fornecia a “ carnerinha7” para as famílias.

Seu Neri8 perdeu vários irmãos, ainda crianças e até recém-nascidos e sobre isso



ele comenta:
Perdi cinco ou seis. Todos pequenos, na base de um ano pra baixo, morria
tudo, era difícil, quantos morriam até ao nascer, já nasciam mortos ou

nasciam e logo morriam, ou duravam uma semana, ou duravam quinze dias,
6 Dieter Dihlmann. Ex-gerente da CNMCBB. Entrevista concedida a Giani Rabelo e Marcos Moraes, em



12 de Outubro de 2006, em Guatá/SC.
7 Nome dado ao caixão de madeira, pelos moradores.

8 Manoel Neri Medeiros. Entrevista.



vinte dias não sei. Oh era um absurdo o que eu via na minha época aqui, até

antes de eu ter essa idade, mais gurizote ai dos meus dez, doze anos, o sino

não dava conta de bater. Ah! morreu mais uma criança. Ah! já veio do

hospital, já vinha na caixinha e já era enterrada.
As crianças de Guatá morriam à míngua, pois não tinham os devidos cuidados.

A população já estava habituada com as mortes. Quem ficava encarregado dos enterros

eram as próprias crianças. Elas que carregavam as carneirinhas até o cemitério.

Podemos encontrar, como exemplo, no livro “ Colonos e Mineiros no Grande Orleans”

de Dall’Alba, a informação de que em 1944 foi divulgada a notícia pela rádio de

Moscou, de que a localidade de Guatá tinha o maior índice de mortalidade infantil do

mundo. (DALL’ALBA, 1986, p.373).

Com o passar do tempo, a vila vai crescendo e vai se modificando, no ano de

1972 foram colocadas instalações novas de água financiadas pelo Estado, e a partir de

então, se tem uma diminuição das mortes infantis. A nova água não é mais da represas

poluídas por metais pesados derivados da extração do carvão e fornecida pela empresa

Barro Branco, agora ela vem da serra, sendo uma água tratada e com melhor qualidade.
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Os mineiros que saiam para trabalhar de madrugada, voltavam só à noite, pois

do trabalho iam se divertir no bar, ou então em casas de prostituição. Uma delas era

localiza onde os moradores chamavam de 10. Muitos passavam em casa primeiro para
tomar banho, e depois voltavam para a rua para fazer “ farra” segundo Dona Erotides9. O



“ 10” era constituído por casas de prostitutas, onde a maior parte dos mineiros que as

freqüentavam eram os solteiros, mas muitos dos homens casados também usufruíam

desses lugares. Normalmente, eram lugares infectos por doenças contagiosas. Ali os

mineiros bebiam, jogavam e brigavam na rua.
[...]tinha um bar ali, só esse bar tinha umas 7 mesa de sinuca, o pessoal



jogavam baralho e jogavam sinuca e quando se via já vinha aquela arruação,

barulho de taco de cadeira e o pau pegava. Isso dava 2 ,3 ,4 brigas por
dia.(Neri10)



Sobre o problema da prostituição e as dificuldades encontradas pelas esposas
dos mineiros, Dona Erotides11 relata que “ tinha em Lauro Müller um local desse tipo.

9 Erotides Nascimento de Souz. Entrevista concedida a Giani Rabelo e Marcos Moraes, em 18 de maio de



2006, em Guatá/SC.
10 Manoel Neri Medeiros. Entrevista citada.

11 Erotides Nascimento de Souz. Entrevista citada.



Essas mulheres só incomodavam, meu pai era muito danado também, a minha mãe não

dava conta” .

Os mineiros trabalhavam o mês inteiro e quando recebiam gastavam o dinheiro

com seus vícios ou então com mulheres que ficavam no “ 10” . A igreja tinha o papel de

moldar o povo aos princípios burgueses.

Além dos operários da CNMCBB existiam trabalhadores de outras pequenas

empresas em Guatá..
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A Cia Barro Branco, além de ter toda uma estrutura para o beneficiamento e

extração do carvão, contratava empresas terceirizadas, para lavrar o carvão das suas

minas.

Os empreiteiros tinham seus próprios negócios, eles realizavam trabalhos para a

indústria carbonífera em troca de capital. Eles próprios tinham seus trabalhadores,

contratavam os seus funcionários, e ficavam encarregados de pagá-los. Eles eram

independentes, negociavam onde, como e qual o trabalho fariam para determinada

carbonífera. No caso dos empreiteiros de Guatá, todos trabalhavam para a Barro

Branco, que exigia dos empreiteiros uma determinada quantia de carvão por mês.
Existiam vários deles trabalhando em Guatá. Seu Neri12 conta algo sobre os



empreiteiros:
Ela [empresa Barro Branco] tinha a mineração dela e tinha empreiteiros por

fora que tiravam carvão pra ela, então tinha: Tomar Armand, tinha o Lidio

Ruzle, tinha Orestes Riguetto, João Horácio, tinha João Geremias. Ela tinha,

eu acho, quase uns 10 empreiteiros que tinham boca de mina também. Eles

tiravam carvão que era levado pra Cia, mas era deles, eles que fixavam, eles

que pagavam.
Quando seu Neri fala que tinha quase uns 10 empreiteiros, é importante ressaltar



que cada um deles possuía vários funcionários, e muitos desses moravam na vila

operária de Gautá, pertencente à carbonífera Barro Branco. Assim, além de manter

controle sobre os empreiteiros, a companhia também mantinha controle sobre os

empregados dos empreiteiros. Esses empregados, muitas vezes, trabalhavam
ilegalmente, ou seja, não eram “ fichados13” . Seu Néri era um deles, trabalhou 8 anos



sem ser “ fichado” . Tanto os empregados dos empreiteiros, como os empregados da Cia,
12 Manoel Neri Medeiros. Entrevista citada.

13 Fichado significa estar com a Carteira Profissional assinada, ou seja, ter o emprego registrado na CPT.



esperavam por longo tempo até poderem ser admitidos na Barro Branco, com todos os

direitos trabalhistas. Quando trabalhavam ilegalmente, não tinham o direito de reclamar

e nem de exigir nada, então a carbonífera pagava salários que não davam nem para

manter suas vidas humildes. Quanto a situação dos trabalhadores atuando

irregularmente, mais em depoimento do senhor Neri ajuda a ilustrar ainda mais essa


situação:
Então, quando eu entrei ainda não tinha esses cartões, pois bater o cartão para

6 horas de serviço é lei. Quando eu entrei ainda era no osso, tinha que tirar

tabela. Não tinha hora, senão tirasse, eles botavam prá rua, sabe como é, a lei

era seca, além de eu trabalhava a semana inteira na mina. Nos sábados eles já

iam antes de nós sairmos para nos escalar pra encher caminhão no domingo,

à pá, caminhão de carvão à pá. Era uma escravidão!
A lei pra esses trabalhadores não existia, eram obrigados a se submeterem às

cansativas horas de trabalho dentro da mina e fora dela. A tabela que seu Neri fala, é a

quantia de carvão que um mineiro era obrigado a tirar por dia, se não tirasse essa

quantia em 6 horas de trabalho, ficaria trabalhando até a hora que conseguisse tirar tudo.

E qual eram as condições de trabalho? Os mineiros trabalhavam nas piores

condições que existiam. Trabalhavam dentro da água que às vezes chegava até a altura

da barriga, assim aconteciam muitas mortes e doenças causadas pela umidade. Na mina

existiam muitos fios desencapados e muitos morriam eletrocutados. O trabalho era

manual e o carvão era retirado à picareta, não tinham proteção como capacetes e havia

bastante desmoronamento do teto da mina, por isso, houve muitas mortes causadas

pelos desmoronamentos.
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Guatá era uma Vila Operária violeta, cheia de vícios, de mentira, de intrigas,

mas sem dúvida de uma grande dominação e repressão, exercida por parte da grande

empresa que tinha o poder em suas mãos, a Cia Barro Branco.

Com o devido poder político da Cia Barro Branco, havia na vila perseguições de

operários, pois esses eram contra os princípios dos burgueses, dos dirigentes da

companhia. Esta que mantinha uma vigilância diária sobre os seus empregados, para

que esses se sentissem reprimidos e não pensassem em participar de movimentos sociais

e fazer parte do sindicato.

No período militar, várias perseguições foram feitas aos operários, por irem

contra a ideologia imposta. Operários esses que foram taxados de comunistas, mesmo
sem saber exatamente que comunismo era esse. Os comunistas então, sofreram grande

repressão e foram obrigados a cair na clandestinidade, pois se não seriam presos e

torturados. O partido comunista ainda não existia na região, mas na cidade de Lauro

Müller e aos arredores tinham muitos adeptos. Existiam no período da ditadura militar

três partidos fortes na região: a UDN, o PTB e o PSD, partidos esses que lutavam entre

si pelo poder. A UDN era o partido dos burgueses. Esse partido era o partido da Cia

Barro Brando, e era o partido de maior poder na cidade de Lauro Müller. Foram tantas

as repressões da empresa, movida pelo partido, contra os trabalhadores, que eles criam

um sentimento de repúdio contra a UDN, e aí seu Neri comenta: “ Se me der um

caminhão ou uma carreta de dinheiro, eu não voto nunca nesse partido, pode ser um pai

meu que já morreu se fosse candidato eu não votava, por o que eles fizeram aqui.”

Seu Neri aposentado como mineiro pela Cia Barro Branco afirma que nunca

votaria na UDN pelo fato de ela controlar tudo o que existia na cidade de Lauro Müller,

e que apenas complicavam mais a vida do trabalhador, ao invés de facilitar. Esse partido

controlava a área da saúde: hospital, INPS, e todos os operários que eram do lado

contrário da UDN não tinham chance de começar uma carreira na mina com todos os

direitos trabalhistas obrigatórios. Então, nasce um sentimento de desgosto pela UDN,

pela Barro Branco, por tudo que era controlado sob esse olhar dos dominantes.

A relação entre partido e empresa em Lauro Müller era muito forte, a empresa

usava suas instalações para fazer propaganda política do partido. Nas minas levavam

propaganda dos candidatos para colocar “ no caminhão, nos carrinho de carvão, até nos

capacete do operário.” Para intimidar os trabalhadores mais novos ameaçavam com a

demissão se não votassem no partido da empresa. Quem se manifestava contra as

propagandas era colocado no pior serviço que existia dentro da mina, servindo assim

como exemplo para os outros. Conta ainda seu Neri.

A repressão política fez parte do cotidiano dos moradores de Guatá e das demais

vilas operárias de Lauro Müller, uma vez que a Cia Barro Branco pretendia dominar não

só economicamente o lugar, mas também ideologicamente.

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Após a morte de Henrique Lage em julho de 1941, a empresa e todo o

patrimônio que Lage adquiriu em sua vida, passou para as mãos de Gabriela Bezanzoni,
viúva de Lage. O então engenheiro da Barro Branco Veterlli, foi para o Rio de Janeiro

administrar os negócios de Lage. Sendo que o engenheiro a substitui-lo foi Cotrin, e

após alguns meses na administração da empresa, a viu ser encampada ao patrimônio

nacional pelo governo Vargas. Temos então, dois motivos que legitimaram o

encampamento do patrimônio de Gabriela: primeiro, as empresas de Lage desde o final

dos anos 30, já vinham sofrendo dificuldades com as diversas dividas crescentes, não

tendo condições suficientes para aumentarem a produção carbonífera, de acordo com a

demanda nacional; segundo, Gabriela Bezanzoni, única herdeira de Henrique Lage, era

italiana, e com o nacionalismo de Vargas e o encampamento, legitimado pelo decretolei

4.648 de 2 de setembro de 1942, os bens da então proprietária passaram ao controle

do Estado (MORAES, 2006).

A partir do ano de 1942, as empresas carboníferas, assim como o porto de

Imbituba e todo o resto do patrimônio Lage, passaram a depender de investimentos

governamentais. Toda a atividade carbonífera vinha de encontro ao suprimento das

necessidades do País, isto devido à Segunda Guerra Mundial, na qual o Brasil não podia

importar carvão estrangeiro para produção siderúrgica. Então, ficou a cargo das

empresas carboníferas brasileiras lavrarem o carvão suficiente para as necessidades da

nação.

Do ano de 1942 até 1946, o patrimônio que Lage deixou para Gabriela ficou sob

responsabilidade da União. Após julho de 1946, no decreto 9.521, com o governo Dutra,

uma parte deste patrimônio foi devolvida para a proprietária Gabriela e, uma outra parte

continuou sob a administração da União. A parte devolvida ficou sob a administração

dos engenheiros das empresas, até que, Gabriela passa para propriedade de Francisco

Catão as empresas carboníferas CNMCBB e CBCA, assim como o porto de Imbituba.

(MORAES, 2006)

Francisco Catão permaneceu com as empresas 22 anos, isto é, de 1946 até 1968,

passando pela Barro Branco neste período diversos diretores, são eles: eng. Valdir

Cotrin que voltou a assumir a direção, eng. Mário Balsini e Henrique Martins, esses de

1943 à 1950. De 1950 a 1952, foi novamente o Walter Veterlli, após Edigar de Sá, 1952

a 1968, e por último Rubens da Silveira de 1962 a 1967. (CAMPOS, 2001, p.151)

Francisco Catão após as sucessivas crises do carvão a pós a Segunda Guerra,

procura novos compradores em 1968 para as carboníferas catarinenses, Sebastião Neto

Campos que já trabalhava na CBCA sob o comando do Francisco, une-se a Álvaro

Catão irmão de Francisco Catão, proprietário das carboníferas, e compram as empresas.
Com os novos proprietários das carboníferas, Dieter Dihlmann foi elevado de gerente a

diretor da Barro Branco.

Sebastião e Álvaro criaram em 1970 a Fazenda Castelo Ltda. para desenvolver a

atividade agrícola. Ainda em 70, criaram a Indústria Brasileira de Coque S/A, com a

finalidade de aproveitar o fino do carvão na produção do carvão coque, e em 1980 em

paralelo a Barro Branco, criaram uma empresa chamada Ibracoque Mineração (Ibramil),

com a finalidade de aumentar a produção carbonífera. As empresas Barro Branco,

Ibramil e Ibracoque permaneceram sob o controle de Álvaro e Sebastião até 1988, pois

já vinham de um grande período de crises financeiras, pelas sucessivas mudanças na

administração do carvão nacional. A Ibramil foi vendida aos Ronsoni e a Barro Branco

foi comprada pela Carbonífera Catarinense. A Ibracoque foi sendo progressivamente

desativada e a CBCA passou por um longo processo judicial até ser transformada em

cooperativa, em 1987. (CAMPOS, 2001, p.235-236)
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Toda atividade econômica ligada a extração do carvão em Santa Catarina trouxe

consigo grandes mudanças econômicas para as cidades onde havia minas, mas também

grandes impactos ambientais, deixando como herança imensas áreas degradadas. Em

Guatá, a vida da população sempre foi em função da exploração do carvão, lá se

instalou a Cia. Barro Branco, que praticamente fundou a cidade. Exerceu um grande

poder político e econômico e assim, passou a controlar todos os passos de seus

trabalhadores e moradores, por meio de seus diretores, como os engenheiros Veterlli,

Cotrin, Diter Dilmam e Sebastião Neto Campos. Todos visavam o lucro da empresa,

mas cada um com seu jeito de comandar. A CNMCBB foi uma continuação da

companhia criada pelo visconde de Barbacena, e posteriormente foi incorporada pela

companhia Catarinense, mineradora de carvão. Esta, por sua vez, ainda atua na

atividade carbonífera em Lauro Müller.

As condições de trabalho dos operários da CNMCBB sempre foram muito ruins,

mas esta precariedade se entendeu também as vilas operárias, principalmente a Vila

Operária de Guatá. A água poluída é um exemplo da maior mortalidade infantil do

mundo registrada no ano de 1944, em Guatá. As autoridades da cidade nada faziam,

pois estavam submissas a Cia. Barro Branco. Os trabalhadores que lá habitavam não

tinham condições de viver dignamente, era um lugar violento e miserável. Todas as
famílias que lá viviam tinham o desejo de morar em outro lugar, quando pudessem se

livrar das “ garras” da Barro Branco.

Por atitudes assim, como estas tomadas pela Cia Barro Branco, é que ela e seus

dirigentes, até os dias de hoje, são repudiados pelos moradores do lugar, uma vez que

ainda conservam em suas memórias as atrocidades sofridas por muitos operários e suas

famílias.












 
BIBLIOGRAFIA ABAIXO..................
BELOLLI, Mario et al.. Criciúma: Imprensa



oficial do Estado de Santa Catarina, 2002.
BOSSLE, Ondina Pereira.


Florianópolis: Editora da UFSC, 1981.
CAMPOS, Sebastião Netto.
Florianópolis: Insular, 2001.

CARDOSO, Flávio Jose. *XDWi. Rio de Janeiro: Record, 2005.

DALL’ALBA, João Leonir.  Edição do Autor:



Orleans, 1986.
DAMAZIO, Ademir.
Florianópolis: UFSC/CCE, 2000. (Tese de Doutorado)

DECCA, Edgar de.  São Paulo: Brasiliense, 1987.

GOULARTI FILHO, Alcides (org.).
Florianópolis: Cidade Futura, 2005.

MORAES, Fabio Farias. a disputa entre Laguna e Imbituba. Criciúma: UNESC, 2006 (Monografia

de Graduação)

RAGO, Margareth. a utopia da cidade disciplinar 1890-1930. Rio de



Janeiro: Paz e Terra, 1997.
RELATÓRIO DO DNPM. Boletim n.



104, Rio de Janeiro, 1940.
SOUZA,Walmir. Lauro Muller: Editora do Autor, 2002





 

7/18/13

My dream of a global world government


My dream of a global world government  - July 18, 2013

Since the beginning of times the earth has never had one minute of peace. As I write this text we have about 20 Countries involved in wars along with 300 plus militia-guerrillas and separatist groups involved. In Africa alone we have 16 countries battling, and a participation of at least 100 separatist groups involved.  The hot spots are Central African Republic, Darfur, Democratic Republic of Congo, Libya, Mali, Nigeria, Punt land, Somalia, Somaliland. In Asia we have 10 countries; Europe 4 countries; Middle East 4 countries; America 3 countries. The hot spots for the remaining places mentioned above, along with a better information of the conflict is listed at the site Wars in the world or similar sites.  I am not going to write about what is happening because you can visit these sites and have an idea about the conflicts and decide for yourself if it is really happening. My point, however, is to talk about peace.

As defined in Wikipedia, World peace is an ideal of freedom, peace, and happiness among and within all nations and/or people. World peace is an idea of planetary non-violence by which nations willingly cooperate, either voluntarily or by virtue of a system of governance that prevents warfare. The term is sometimes used to refer to a cessation of all hostility amongst all humanity. For example, World Peace could be crossing boundaries via human rights, animal rights, technology, education, engineering, medicine, diplomats and/or an end to all forms of fighting.

Since 1945, the United Nations and the 5 permanent members of its Security Council (the US, Russia, China, France, and the UK) have worked to resolve conflicts without war or declarations of war. However, nations have entered numerous military conflicts since that time.

World peace is achievable when there is no longer conflict over resources. Buddhists believe people can live in peace and harmony only if we abandon negative emotions such as anger in our minds and cultivate positive emotions such as love and compassion. According to Islam, faith in only one God and having common parents Adam and Eve is the greatest reason for humans to live together with peace and brotherhood. Islamic view of global peace is mentioned in the Quran where the whole of humanity is recognized as one family.

Besides these two views mentioned above, there are other views that I will refrain to mention because it doesn’t make much difference, as we can see for ourselves that at least for more than 4000 years we have been in battle for one reason or another.

In my mind, a viable solution is the creation of a Global World Government that recognizes humans as the biggest part of the equation as “we the people” and not as “we the salves of the elite”.  

It is important to remember that what we call elite can be a one group of people, or various groups of people that control the economy of the earth. These groups must get together to discuss the best way to achieve a common ground without creating an economic collapse or any international crisis that could only affect the population. If many people lose their savings due to an economic collapse in the market, they will be driven to poverty, and consequently they will start protests and anarchy among themselves, forming groups against the elite.  This situation is not viable because the army will fight against the people, and soon, diseases will emerge making assembly and protests a death trap. The people will suffer and ultimately lose this battle, no matter how much people try to organize against this force.

If the idea it is to privatize every sector of the industry, it is not a bad idea at all. But if we have a collapse of the economy, many groups will riot and not even know that this could be a plan of the elite. I question why? Why is it necessary to create rebellion against something that can be avoided all together? Is it to create a martial law to gain control? If so, it is not necessary because we surrender. What I mean is - if we know that there is a plan to stop all wars and achieve some peace, it will be better than what we have now, at this minute.  So many innocent people are not getting a shot of life and dignity. So many people are being killed in the name of patriotism, when it actually doesn’t exist. We the people are created equal and we are used to be controlled, one way or another. We have no problems about having elite controlling our lives. Truly! We want simply to know whether this plan involve us as participants. In the end, ideas come from people, and everyone, working together, will make easier to relax and be ingenious.  

We have today so many angry and anti-social people in this world that can well be recruited to stop the riots at any cost. And they will offer their services in exchange to recognition. We know all this, already.  

If we have an economic collapse we will be lost! We will be very vulnerable, therefore anarchy is imminent because there will be groups of people in the social media inviting others to participate into manifestations that can cause even more damage. The world will be out of control…more than what it is right now.

We do not need the people to organize and create riots for an idea that when explained well, doesn’t seem so bad, after all.

Please, do not take me wrong. I love The United States of American and I abide by the Constitution, and I live for it, but I also know that with the technology we have today, privacy is something from the past. We are voluntarily exposing ourselves through the social media with no problems, and we are well aware that anything we write can be traced. Yes, I exchange my privacy for my security.

What we want is a government that cares about us. We want a Government that recognizes our value and appreciates it, be it a corporation or a state, or anything we want to call it.

I have seen in movies people being inserted a chip that would pin point his or hers whereabouts…I think it is clever. I have no problems having a chip inserted in my body, for it will give the government a correct position of my whereabouts. In reality people can live in truth. No one needs to be hiding from the truth. Truth is the ultimatum for freedom. I feel free even though I know that my life can be scrutinized and exposed…yet, it is my life. I made it that way, therefore I am responsible.  I would love a cashless society, as long as I can eat and sleep and take a shower every day. I am not looking for an easy life. I like to be able to live and enjoy national parks and movies and books without worrying if a robber is coming into my house or into my Movie Theater and act crazy. Besides, if the truth is exposed, we will know who is in favor and who is not, and act accordingly, instead of decimate a larger group of people who will manifest  not knowing what for.  

Mass control is necessary! It is necessary to have a system that keeps track of people. In the end, whoever checks it will be bored to see that people are the same. People want happiness, love, food, security and the freedom to walk outside and not been killed. People love to work.

We don’t need wars! We need to stop all of them (wars) right now! We need to search for viable solutions for all disputes, and in my point of view…we need to be truthful to one another, and for many individual it will require complete surveillance.

Why not take the fight into a higher level? What I mean is…Elite fighting for complete control without engaging people, for we are sacred. We love discipline and control.

What infuriates people is the fact that some elected politicians exists for the mere reason of self-recognition, instead of being there to represent their constituents. People are different, and politicians are there to find this difference and make it easier to live day by day.

Can we stop regional wars? Can we do something to prevent escalation into countries that have nothing to live for?

As I write this open letter, I am so sorry for so many lives being wasted. I believe in reincarnation, and I believe that peace will get here one way or another. But I know that if we continue the way it is now, we will not obtain peace ever in this earth in my lifetime.

So, I am asking for the elite – or groups – to engage with the United Nations  - instead of only keeping the peace - start procedures to make peace where wars is happening right now. By having a stronger United Nations this can be accomplished with the help of all members. In the end, everyone wants peace. So, let’s have the UN carry all military weapons to intervene whenever necessary. This will stop hate among nations because a larger body will be deciding. This will be a step towards one global entity. No more borders, for everyone will be tracked. No need to have immigration laws, for everyone will be pretty much alike. Let’s have 10-12 large Nations cooperating with one another to make sure all resources are well divided.

I know for a fact that all the people of the earth will do their part to make sure this system will work well.

Ps. As I am writing this text, in Brazil they are preparing for a manifestation for September 7th 2013. It needs to have the intervention of the United Nations to shake the country with international laws and make some people accountable for whatever they did for self-enrichment with the nations’ money. Brazil needs to have the world cup and the Olympic Games - But at the same time, the people are asking for more buses, more doctors more hospitals… not too much to ask. Unfortunately, manifestations can turn into riots and the country doesn’t need it.

Yours truly,

Milton

7/12/13

A Enchente de 1971 em Lauro Muller Santa Catarina Brasil


A Enchente de 1971 em Lauro Muller Santa Catarina Brasil

By Milton Laene Araujo

Este texto foi escrito num teclado Americano, sem  alingua portuguesa pra ajudar. As regras da lingua foram todas assassinadas neste texto, e nao existe cedilha como tambem o tio. Leia como se fosse uma carta de mim pra voce!

Dia 15 de Fevereiro de 1971 era um desses dia de verao,  o tempo tomou uma colocaraco acinzentada. Soprava uma briza quente, e ligeiramente umida, enquanto a familia Araujo sentava a mesa para jantar as sete horas da noite desta Sexta Feira.

A serra do Rio do Rastro estava totalmente coberta de nuvens, e mostrava sinal de uma trovoada tropical atingindo a area. Em menos de quinze minutos durante o jantar, os Araujos foram interrompidos pela falta de energia, acompanhada de trovoes e relampagos.

“Salete, por favor, acenda uma vela pra nos.” Falou Angelo Araujo enquanto todos escutavam o barulho da chuva forte que batia no telhado.

“Ja esta na mao, seu Angelin.”

E assim a vela foi acesa e a familia resumiu seu jantar.

A familia Araujo residia num predio de 2 andares, num lote situado a Rua Orleans, em frente ao Grupo Escolar Visconde de Taunay, e diretamente dando costas ao Rio tubarao. A cozinha era situada no segundo andar, e havia na cozinha uma grande janela com uma vista completa, nao so dos fundos do predio, como tambem do Rio Tubaraoe o outro lado do predio.

Juntamente com os trovoes e relampagos era possivel se obter uma claridade enorme na cidade, e esta era a unica luz observavel durante esta noite . Num desses flashes ou clarao, Marina Araujo se levanta da mesa e vai em direcao a janela para observar a chuva. Todos continuavam sentados a mesa do jantar, e nao havia preocupacao alguma com a chuva a principio, mas uma vez que um relampago clariou o rio, Marina ficou abismada com o que ela viu.

“Meu Deus, ate parece um mar.” Marina falou fazendo com que todos corressem ate a janela em vao. Nao foi possivel ver nada, senao a forca da chuva nos vidros da janela.

“Se Sao Pedro riscar o fosforo denovo quem sabe a gente vai ver.” Falou Mario Araujo pra ninguem em particular, mas todos que estavam na cozinha entenderam que ele se referia ao clarao. Mario tinha 16 anos. Angelo e Milton, entao copiaram Mario, e repetiam sempre: "Risqué o Fosforo Sao Pedro, a gente quer ver."

Em seguida houve relampagos um atras do outro, e durante a continuidade do clarao todos tomaram postos diferentes pra ver a chuva.

Angelo (Angelin) levanta-se de seu lugar a mesa e se junta a Marina e Mario para observar o rio e a estrada que era adjunta ao rio.

Goretti  19, e Margaret  13, ambas filhas do casal, se dirigiram ao quarto para observar o grupo atravez da janela da frente do predio. Milton and Angelo Junior se dirigiram para a frente da casa, mas o vento era intenso e nao foi possivel abrir a porta da cozinha, qual dava acesso a uma sacada com uma vista boa da Serra.

“Meu Deus Marina, olhe la, parece que aquele carro do outro lado nao consegue pegar.” Falou Angelin fazendo com que todos se dirigissem a mesma janela e observassem o que ele havia visto.

“Olhe la, aquele carro esta com dificuldades. Esta com agua no nivel da porta...ate dentro do carro.”

“Pois eh,  olha so o motorista esta nervoso. Tem mais gente dentro do carro.”

"Olha, O carro esta cheio de gente. Eles parecem desesperados."

“Nao e agua do rio... olhem, e agua da chuva mesmo que formou um mar do outro lado.” Disse Mario todo excitado.

“Nossa, ta uma chuvarada la fora. O esgoto nao esta dando conta, esta entrando agua ate na calcada na frente do predio.” Falou Goretti enquanto pedia Milton e angelo que se acalmassem.

“Eu vi, ta chovendo de fazer copinhos.” Falou angelo Junior se referindo ao formato do respingo da agua no solo.”

“Ai, olha la, ele esta com problemas...ele nao conseguiu fazer o carro funcionar no meio dagua. Vou correr la pra ajudar ele.” Falou Angelin

Ninguem ficou espantado no momento. Angelin havia recentemente comprado uma camionete Ford 1970, e  o fato de ajudar alguem nao era novidades na familia. Ele nao encontrou nenhum obstaculo, apenas o olhar de Marina que revelava que ele nao deveria ir, pois estava chovendo muito, mas ao mesmo tempo ela estava preocupada tambem com a familia ilhada dentro de um carro sem poder sair.

Angelin desce as escadas, embarca na camionete  e segue sozinho em direcao ao outro lado do rio passando pela praca Henrique lage. Uma vez do outro lado ele percebe que o carro que ele foi socorrer sair por si proprio do perigo. Nao havia mais necessidade de ajudar.  Angelin faz a volta na camionete e na escuridao os farois iluminaram uma casa adjacente ao predio do Sabido com umas pessoas pedindo socorro A casa de Irene. Imediatamente ele apanha duas senhoras que estao com medo do rio e da chuva, pois o rio estava crescendo. Foi neste momento que Angelim deciciu entrar dentro da casa destas senhoras e pegar um senhor de idade que nao queria sair de casa. Ele consegue depositar esta familia dentro do Predio do Sabino, que no momento estava tranquilo. Elas lhe agradeceram  ele entao decidiu voltar pra casa. Somente depois de ter entrado no carro ele percebeu que elas haviam deixado um saco plastico com joias encima do banco. Angelin poe o pacote no porta-luvas. Durante a comocao de ajudar o pai delas sair de dentro do carro, elas esqueceram as joias no assento.  

Ao se dirigir em direcao ao posto de gasolina, qual dava esquina com a ponte, Angelin percebe que a agua estava muito forte e que sua camionete nao poderia atravessar a ponte  para voltar. Em seguida ele sente a camionete mover e o medo ali ocorre.

Neste meio tempo, ou seja, um minuto depois de Angelin sair de casa, Mario observa que o carro que estava em perigo agora esta sendo socorrido por alguem. Ele logo decide que vai atras do pai pra avisar que nao era necessario. Porem, quando ele desce as escadas, ele percebe que o pai ja estava a caminho, e resolve correr atras, desta vez com intencao de ver com seus proprios olhos o que se passava. Mario Faz o trajeto completo, passa a ponte com aguas furiosas por baixo, pensando em pegar uma carona devolta com o pai. Porem nao houve tempo para Mario. Uma vez do outro lado ele vai em direcao ao predio do Sabino, aonde varias pessoas se encontravam.  

A chuva continuava, agora mais forte do que nunca, e o rio soltava um cheiro de barro fresco, umido que somente presente uma pessoa pode distinguir este cheiro. E um cheiro de devastamento.

Mario, para se escapar da correnteza, sobe as escadas do predio e fica la dentro, com varias familias. La todos oravam e pediam a Deus que protegessem eles.

O Predio do Sabino era uma construcao solida, construido na decada de 50, se localizava na parte mais nobre da cidade. Foi construido adjacente ao Rio, porem uns seis metros acima do nivel do rio. Neste predio funcionava uma churrascaria, a rodoviaria e um posto de gasolina. O ultimo andar servia de residencias, e nestas residencias se encontravam mais ou menos umas 100 pessoas. Havia residentes, transientes, e tambem os que frequentavam o andar debaixo.

Angelin no meio do susto,  deixa a camionete com os farois acesos e sai pela janela do lado do passageiro, e sobe para o top da camionete. A agua estava movendo a camionete em direcao ao posto de gasolina, e ele percebeu uma oportunidade de subir acima do posto, numa lage. Neste momento, ele percebe que a camionete estava sendo levada em direcao ao meio do rio. Ele pega as chaves e joga acima do banco, e se direcionou a parede do predio. Logo que ele alcanca uma janela, ele percebe a loja locatelli ser invadida por agua, com as portas se abrindo e levando as mercadorias. Ele observa chapeus boiando, e logo o posto de gasolina se desintegrando pela agua. Ele passa por esta janela pequena, por uma ajuda divina, pois esta janela nao caberia uma pessoa.

Isso lhe deixa muito emocionado, pois enquanto em meio da luta de passar pela janela, o solo desaparece e ele se ve dentro do predio. Nada ao redor... A camionete se foi, o posto e a loja inteira desapareceram de sua vista. Ao seu lado, havia uma parede quebrada pela fortaleza da corrente de agua e tambem os entulhos que viam de toda parte. Havia uma certa calmaria naquela agua em referencia ao centro do rio, e ele percebe que o Clube Cruz de Malta nao mais existia, e tudo parecia um mar revoltado. Observando a calmaria perto de si, durante um relampago ele observa um corpo boiando, semi morto. Angelin resolve apanhar este corpo pelos bracos.

“Meu Deus voce aqui rapaz.”

“Sim eu estava no Clube e o Clube foi levado inteirinho. Eu nao sei como vim parar aqui.”

Tratava-se de Gil Ivo Losso Filho – O Gilzinho filho do prefeito, 18 anos de idade.

Marina esta aos grito dentro de casa. O marido nao retorna e o filho foi atras. Todo mundo fica com medo dentro de casa. Margaret desce as escadas pra ver se o pai ja estava devolta. Goretti estava na janela escutando o que se falava na parte debaixo do predio. A preocupacao de Goretti era mais com o carnaval, porem nao havia mais motivos pra se preocupar. Nao havia mais eletricidade. ELa ja estava mais do que  conformada com o Carnaval, ou a ausencia dele.

“Vilmar,(um tal de Gamba) voce viu o pai?” Falou Margaret com voz de inocente

“Ele esta deste lado ou do outro  lado?”

“Ele foi pro outro lado.” Falou Margaret "e o Mario tambem foi atras dele"

“Se ele estava do lado de la, ele ja foi. O Rio levou tudo, ate o clube, a casa do Locatelli, tudo. Teu pai ja deve estar la na MADRE.” Falou Vilmar nao percebendo que ele estava falando com uma crianca.

Margaret entra em casa aos panicos. Logo diz que o Vilmar falou que todo mundo do outro lado foi levado. Ela comeca a chorar, e com ela todo mundo ao redor.

Foi uma loucura! Margaret sempre foi apaixonada pelo pai, e nao imaginava a vida sem ele.

Junior e Milton estavam despreocupados, pois havia emocao no ar, mas ao ver Margaret aos prantos, eles logo comecam a chorar, mas sem saber ao certo porque.

Durante a chuva, varias pessoas que ouviram a noticia da enchente acontecendo vieram para a casa do Angelin, sem saber que o Angelin estava do outro lado. O predio tinha uma vista boa para o rio e tinha uma sacada no segundo andar aonde se podia presenciar tudo.

Ali na sacada, juntamente com outras pessoas, Marina observa a camionete sendo levada pelo rio, com os farois acesos, boiando. Ela ve Angelin dentro da camionete tentando manobrar, no meio do rio, ate que a camionete desaparece na agua. Nao so ela presencia isso, mas Angelo Junior, Milton e tambem Margaret. Todos confirmaram ver o pai tentando dirigir dentro dagua.

Ai sim, a coisa ficou doida. O carro estava boiando, encima da agua, como se alguem tivesse manobrando.

"O pai ta la dentro, meu Deus!" Falou Milton...deparando com a realidade da coisa.

Para Milton 9, nada fazia sentido. Eram tantas informacoes, vindo de todas as pessoas ao redor. Junior, 10, se mostrava mais preocupado e observava o rio logo abaixo do predio.

Era dificil saber o que estava acontecendo. O que estava ali, desaparecia num piscar de olhos, e somente com a luz dos relampagos era possivel ver a calamidade.

Marina percebe o rio levar o lote atras de sua residencia. Seu patrimonio. Uma casa que funcionava como uma carneacao de porco, que era un dos bens da familia, havia sido levada por completo, ou estava prestes a ser levado, e o rio continuava a subir. Marina nao disse nada a ninguem que o rio ja havia levado a casa de tras.

“E melhor pegarmos as coisas que precisamos para dois dias e vamos sair daqui agora.”

Tia Leda e Tio Walmor Keller estavam ali esperando para  acompanhar todos ate a casa deles que nao ficava perto do Rio.

Num piscar de olhos Goretti ja havia recolhido varios pertences para todo mundo e colocado numa mala. Margaret assumiu a lideranca com os meninos, e deixaram o predio sem se importar se as pessoas queriam ficar ali ou nao.

Na casa da Tia Leda havia quatro quartos grandes e lugar pra todos dormirem. Angelo Jr. e Milton se juntaram com Gilson,13 e foram para um quarto, conversar sobre a enchente, e contar pro Gilson o que era sabido pela cabeca deles ate entao.

Marina, Leda e Valmor conversavam na cozinha, a luz de vela, esperando a chuva passar para poder dar uma olhada no que restou. Marina nao se conformava em perder o marido de um filho numa so noite, e seus olhos enchiam de lagrimas so em pensar.

Salete, a ajudante, juntamente com Margaret e Goretti ocuparam um quarto mas nao dormiram. A goretti estava em choque, e nao dava muita atencao aos comentarios, pois ela nao queria ouvir besteiras, como a que o Vilmar falou pra Margaret, que piorou mais, quando Margaret escutou sobre a morte de um amigo de escola – O Dario Locatelli. As noticias de mortes  nao eram confirmadas, e todos assumiam o pior.

Enfim, antes do amanhecer ja havia boatos de quem poderia vir a morrer por frequentar o Clube jogando cartas e tal. Afinal era uma noite de carnival, que nao havia nem comecado, mas as pessoas nao sabiam, ou nao imaginavam uma construcao enorme ser removida.

“Nossa, era pra ter um carnaval hoje.” Margaret repetia o que escutava na rua

“Nao, eles ja haviam cancelado o carnaval.” Falou Goretti tentando acalmar a todos, e ao mesmo tempo sem saber o que o futuro esperava dela.

Angelin, agora com um rapaz para levar ao segundo andar, quebra uma janela com um litro de conhaque do bar, e eles passam por uma pequena lage para a area aonde se concentravam todas as pessoas, inclusive Pedro Paulo Flor.

Eram todo tipo de gente dentro deste predio. Nao havia limites qual apartamento se entrava. Todos estavam rezando em voz alta, com velas acesas pedindo para que a chuva paresse e que Deus tivesse piedade deles. A Familia Bunn, recentemente chegado na cidade, tiveram que enfrentar algo desta magnetude. Sua casa foi aberta para todos que ali estavam presentes no predio. Alecio Bunn nao se conformava com o que via. O predio balancando... O que se pode fazer para se salvar? Lhe ocorreu a ideia de ate se jogar ou entao usar um colchao ou uma cama...as circunstancias eram precarias. Mas esta ideia logo fugiu de sua cabeca, mas todos imaginavam a mesma coisa.

Angelin e Gilzinho chegam ao terceiro andar, e no meio da mutidao ele ve o Mario, sentado no canto, com cara de medo e espanto.

“Tu aqui... Oh Meu Deus...O que tu ta fazendo aqui rapaz?

“Eu vim pra avisar o senhor que nao precisava mais ajuda, e queria pegar uma carona devolta.”

“Ainda bem que tu estais salvo.”

“Pai, o senhor ta sangrando por todos os lados.”

Neste momento Angelin nao se contem e comeca a chorar, como um menino.

As pessoas ao redor levaram ele ate uma ala aonde se fazia curativos, colocavam bandaids, mercurio ou iodo nos ferimentos. Algo rapido, pois todo mundo queria ajudar.

Angelin teve ferimentos no pieto, nas costas, e nas pernas. A janela que ele passou para entrar no predio era muito estreita e os vidros ficaram ali, para fazer o estrago.
Somente depois de um dia ele percebeu que era impossivel ter passado por tal janela.

O choro nao era de tristeza nem de solidao, e muito menos de medo. Mas um choro de agradecimento por ter conseguido estar ali, com todo mundo depois de ter passado pelo o que passou. De ver o rio com a cara do diabo, engolindo o que tivesse na frente, com uma correnteza de levar tudo o que tiver pelo caminho. O chouro de ver o predio ilhado... E este chouro se transforma em medo quando ele percebe que o predio aonde ele esta esta balancando. A forca da agua fazia com que o predio tremesse, e todos entao rezavam ainda mais alto, com mais fe.

Angelin pega um copo de agua para beber, e deixa o resto sobre a mesa. Neste instante um forte tremor faz com que a agua respingue fora do copo...e isso lhe traumatizou. O medo do fim da vida ser tao cruel ao ponto deles serem carregados pelas aguas. Ele adormeceu por alguns minutos .

La ele foi acordado por Irene, uma das mocas da familia que ele socorreu. A casa deles havia sido levada, juntamente com uma oficina do Kintino e os carros que estavam la para consertar. A area ao redor do predio foi decimada.

“Obrigado por nos salvar Seu Angelin.”

“Ninguem ta salvo ainda.”

“Nos estamos sim seu Angelin. O senhor salvou ate o pai. A nossa casa se foi, nem quero mais olhar pela janela...falou Irema.”(Jurema), assim conhecida.

Neste momento eles conversam sobre a camionete, as joias e tambem o revolver do Angelin que estava no porta luvas.

Angelin sempre teve um revolver no porta luvas do carro, porem nunca usou. Ao ponto de esquecer tudo dentro do carro. O rio havia levado tudo.

Ao amanhecer...por volta das 4 e meia da manha todos estavam dormindo, esceto Marina, Leda e Valmor, que passaram a noite na rua, a beira do rio que aos poucos voltava ao seu lugar. Com lanternas eles todos, os com idade, se juntavam na frente do Hotel ponto Chick esperando comunicacao do outro lado do rio ou escutando as conversas sobre os desaparecidos.

Demanha todos sabiam quem estava desaparecido, pois havia membros de familias aflitos, perguntando varias vezes a todos os que estavam presentes se eles haviam visto fulano ou ciclano. A conta estava acima de 15.

Quando Gilson, Milton e Angelo acordaram, ja por volta das 10 da manha a noticia era de que alguem lancou uma corda para o outro lado do rio, e atravez desta corda eles estavam se comunicando. As aguas tinham baixado, porem levado a cabeceira da ponte, a cabeceira que fica ao lado do posto de gasolina, deixando uma area descoberta e sem saida.

Algum genio lembrou de colocar uma lata na corda...  e assim transportaram mensagens de quem estava no predio e quem nao estava.

A Dona Vilma gritava, pois o Aurelio estava do outro lado.

Este era o momento mais triste da enchente. O momento em que a incerteza toma conta da cabeca, e a angustia se envolve na pessoa que promete o mundo para ver seu marido, pai ou irmao vivo.

O Nome do Angelin e do Mario foi um dos primeiros nomes a ser passado, e confirmado que eles estavam vivos, e isso fez com que Marina se preocupasse com os demais.

A Policia Militar foi acionada e demanha, por volta das 11 horas eles ja haviam construido uma pontezinha de madeira para os que que se salvaram puder retornar as suas casas.

A Radio Cruz de Malta anunciava a chegada de Helicopteros, porem o radialista se confundiu e falou enciclopedia.

O Cine Lauro Muller sofreu um buraco enorme do lado esquerdo (margem do rio, e frente ao Rio Bonito, qual encontrava o Rio Tubarao naquela area. Tudo o que havia dentro do cinema do Seu Ari Teixeira havia sido destruido.
A casa dos Lossos estava prestes a ser levada, mas foi protegida pelo Cinema.

A agua era tao forte que atingiu a vila operaria, pegando todos desprevenidos. A Vila operaria central, localizada na rua Tubarao teve agua atcima da janela, e todas as pessoas perderam os mantimentos, roupas, aparelhos domesticos, porem os que estavam em casa se salvaram a tempo de corer para um lugar mais alto na cidade ou algum parente.

A Familia Curcio residia na Vila, juntamente com as Familias Purificacao, Ramos, Miguel, etc. Porem, a agua atingiu ate a Rua Orleans, aonde se concetrava ouma outra fila grande de casas. As pessoas nestes locais sofreram muito e ate hoje estao traumatizadas.
 
Para Milton isso era algo novo, ou um dia de aventura. Logo em seguida Gilson, Milton e Junior vao ate a praca, e percebem que nao existe mais praca. Tudo foi embora. Varios policiais ajudando pessoas atravessarem a ponte de madeira (um de cada vez), e a vontade de poder ver o outro lado englobou a cabeca dos meninos.

“Vamos tentar pasar pra la?” Falou Junior para Milton and Gilson

“Sera que pode?” Falou Gilson, tambem curioso.

“Claro que pode! A gente diz que mora la ue.” Falou milton tentando convencer os dois mais velhos de que seria bom estar do outro lado.

E assim foi feito. Os tres pegaram a fila e colocaram o Milton na frente. Ao chegar perto do policial Milton sentiu medo. So que era tarde demais.

“Quem sao voces, o que e que voces querem?” Pergunta o policial olhando Gilson e Junior e tambem o muleque em sua frente.

“Nos moramos do outro lado e queremos voltar.” Falou Milton ao policial

“Nosso pai esta la!” Falou Junior

O policial observou que ele estava parando a fila, e resolveu deixar todos passarem, porem ele olhou nos olhos de milton e disse.

“Estou te observando. Se voce tentar voltar eu nao vou te deixar passar.”

“Eu nao vou querer voltar, oras bolas”.

 “Esta bem, entao, passem.”

 

Do outro lado havia muita lama. O Sol estava quente, como se nada tivesse acontecido na noite anterior, porem tudo estava diferente. Havia varias pessoas juntando o que encontrava na lama. Ate latas de leite em po eram retiradas da lama e colocadas em sacos ou fronhas. Pessoas do bairro arizona que desceram para ver os estragos tambem presenciaram mantimentos da loja locatelly estraviados pela estrada. Uns pegavam o que queriam enquanto outros so olhavam discordando.

Milton, Gilson e Junior nao pegaram nada. Milton estava observando a fila de pessoas passando, e o medo lhe ocorreu.

Neste meio tempo, Angelo e Mario foram levados ao hospital para curativos e ja estavam contando cada qual a sua historia. Angelo sempre chorava ao comentar, e em seu olhar se percebia um aumento em fe e  intervencao divina.

“Vamos voltar? Nao quero mais ficar aqui.” Falou Milton

“Tu ta com medo ne?” Falou Gilson

“To. Ele nao vai me deixar passar.  O que eu faco?”

“Que nada, ele nem vai lembrar de voce.” Falou Gilson com ar de certeza que fez com que Milton aproiveitasse mais e observasse a vista que a enchente deixou.

Na hora de voltar, foi decidido que os dois, Gilson e Junior iriam na frente de Milton, assim seria mais disfarcado. Esta foi a ideia do Junior.

O policial que controlava era outro, e nao deu muita atencao enquanto Milton, Gilson e Junior estavam na fila. A preocupacao do policial era que todos ficam em ordem. A fila era grande, pois haviam pessoas que realmente queriam visitar amigos que estavam perdidos. Neste meio tempo, enquanto na fila Milton observa uma moca que fica tonta encima da ponte. Ela bate nos arames que suportam os lados da ponte e cai no rio. A moca e levada pela conrrenteza, porem ela foi salva pelo grupo militar antes de chegar na vila. O corpo estava encima da agua, e ela estava sentada na agua e sendo carregada, enquanto olhando para os lados com medo, ate que perto da vila operaria ela e socorrida, la Deus sabe como.

Isso foi traumatizante para todos. A Pontezinha foi interditada ate que a policia militar percebeu nenhum danos, e a passagem entao se resumiu.

Gilson sendo o primeiro da fila, seguido por Junior e Milton seguiam o destino de casa sobre a pontezinha. Nao houve nenhum problema com o policial ate que, na hora de sair da ponte de madeira, antes de entrar sobre a ponte de material, ou melhor, o que restou desta ponte, o policial poe sua mao na barriga de Milton e diz:

“Voce nao pode passar.”

Neste meio tempo Gilson e Junior ja estao longe. Milton fica desesperado e decide enfrentar o policial.

“Eu vou passar sim! Eu moro aqui.”

“Nao. Se prepare pra voltar...”

Milton ao perceber que estava sozinho, usa sua forca contra o braco do policial e consegue sair em direcao ao hotel, aonde varios curiosos estavam observando.

“Olha, nao volta mais aqui viu?”

“Eu nao vou voltar.”

E assim Milton retorna e decide nao mais tentar passar a ponte. Em questao de horas a policia militar construiu uma ponte de madeira que podia suportar carros, e assim a vigilancia da ponte nao foi mais necessaria.

Esta ponte provisoria ficou ali por mais de 3 anos.

 

Voltando ao passdo um pouquinho...

 

Em 1870, foram descobertas jazidas de carvão no sul de Santa Catarina, nas vertentes do rio Tubarão. Estudos realizados na época apontavam Imbituba como o local ideal para a construção de um porto para a movimentação desse minério.

Ao mesmo tempo, foi iniciada a construção da estrada de ferro Dona Tereza Cristina que ligaria o Porto - ainda inexistente - às minas de carvão.Mas as obras de construção do Porto só se efetivaram mesmo a partir de 1919, com o pioneirismo do empresário carioca Henrique Lage.A obra foi iniciada com a construção do molhe de proteção, dos escritórios e dos armazéns.Na época, Henrique Lage obteve ajuda do Engº. Álvaro Monteiro de Barros Catão,então Diretor da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina. Este iniciou um processo de modernização das instalações para embarque mecanizado de carvão. Catão foi responsável também por várias outras obras no porto, entre elas a construção de um quebra-mar para a proteção das instalações.

Em 03/11/1922 foi criada a CDI - Companhia Docas de Imbituba, tendo Álvaro Catão como diretor. Todos os navios de carga ou passageiros da Companhia Nacional de Navegação Costeira passaram a fazer escala no Porto de Imbituba.

A redução das alíquotas de importação e a retirada do subsídio do carvão, em 1990, acarretou o colapso da indústria do carvão catarinense. Nesta nova conjuntura, o Porto de Imbituba se viu obrigado a se transformar de mero terminal exportador de carvão para um porto polivalente, com a movimentação de vários tipos de mercadorias.

Em 16 de junho de 1941, Henrique Lage, sente o agravamento do seu estado de saúde e solicita, através de circular, que os dirigentes das empresas prestem informações a Gabriella Besanzoni a respeito das atividades de cada uma delas, como também dêem conhecimento prévio de qualquer intenção de deliberações de vulto. Além disto, Lage pede a comunicação com antecedência da realização das assembléias e reuniões de diretoria, o que facilita a presença Besanzoni. No encerramento da correspondência, que conta com a assinatura de Pedro Brando como testemunha, o industrial escreve: “Agradecendo mais esta prova de lealdade que me prestam, subscrevo-me amigo muito grato”.

Lauro Muller se desenvolveu desde 1920, quando carvao foi explorado na area. Mesmo sem ter nome, ou ser referida como a cidade de Minas, era a unica cidade com energia eletrica para o funcionamento da empresa que daria vida a cidade e ao municipio. Assim, com a intervencao dos Ingleses e com a participacao de Henrique Lage, foi construido a estrada de ferro unindo Lauro Muller ao porto de Imbituba. A funcao da estrada de ferro era unicamente para transporte de carvao mineral para o porto, e assim ser exportado, consumido em capivari para uso local, e tambem como uma forma de rendimento para o estado.  Aos poucos foram adicionados vagoes publicos, e o trem levava gente pra Tubarao – ida e volta.

Entre as poucas cidades existente na epoca, Lauro Muller pertencia a comarca de Orleans. Mas com o desenvolvimento e a arrecadacao sendo suficiente para se manter, Lauro Muller recebe o nome em homenagem ao Governador que ajudou a fundar, Sr. Lauro Severiano Muller. E por volta dos anos 50 se torna um municipio.

O Municipio de Lauro Muller teve como primeiro prefeito o Sr. Isac Bertoncini. Ali, entao se formava uma elite de empregados da Empresa Barro Branco, sendo que a hierarquia dentro da empresa determinava os costrumes dentro da cidade. Os fundadores da empresa, ja entao engajados com o Sr. Henrique Lage, tinham investimentos com o carvao. Lauro Muller entao tinha energia eletrica, uma igreja recen costruida, totalmente catolica apostolica romana tinha os olhos para o futuro.

A empresa de carvao, muito interessada em futebol criaram o time Henrique Lage, um dos primeiros campos a usar energia eletrica com o mesmo nome. Os jogos poderiam ser efetuados a noite. O campo de futebol tinha arquibancadas, refletores e tambem um vestiario. Os jogadores eram importados de varias cidades, e eram adimitidos na empresa Barro Branco tambem pelo atletismo.  Assim se formava o time que venceria um campeonato Catarinense. Os jogadores eram desde peoes ate encarregados. Em campo nao havia alguma hierarquia.

Uma familia de irmaos se mudou para Lauro Muller, aonde todos eram atletas de futebol, e assim os Irmaos Curcios tiveram muita notabilidade e fizeram a sua parte para o desenvolvimento, nao somente da cidade e da Barro Branco, como tambem do time. Ate figurinhas de album foram feitas, e Archimedes Purificacao tinha a sua figurinha carimbada – Ou seja, uma das mais dificeis de se achar.  Os irmaos Curcios todos tiveram suas fotos publicadas.

Tudo era glorioso em Lauro Muller. As ruas, ate entao existentes, foram desenhadas de acordo com a hierarquia dos funcionarios. Alguns recebiam a casa gratis, e dependendo da profissao, uma vila inteira era criado para os funcionarios . Os que tinham cargos altos na Barro Branco moravam em ruas largas, bem pavimentadas, tipo a Rua Walter Veterli ou Dr. Valdir Cotrin.  As casas eram costruidas de material importado e tinha saneamento basico bem antes de muitas cidades maiores no paiz. Os que tinham cargos menores recebiam casas de acordo com seu salario, porem agua e energia tudo incluido. Lauro Muller atriu muita gente durante a decada de 60.

A praca Henrique Lage recebe um Clube para a sociedade Lauro Mullense, aonde a elite da Barro Branco  frequentava arduamente. O clube Cruz de Malta era frequentado pelas pessoas mais elegantes da cidade. Entre as Familias nobres se destacavam os youngs, os Bittencourts, os Riguetos, os Donedas, os Souzas, os Fernandes, etc... e tambem os engenheiros que ram subsitituidos e recebiam uma casa de moradia para usufruir.  Alem destes, haviam tambem a classe que prestava servicos aos moradores, como os comerciantes etc. Estes todos eram considerados semi- Elite.  A Empresa estava crescendo e a cidade se desenvolvendo. Henrique Lage decide entao construir um castelo, dos tipos que ele conheceu na Italia e Franca, e assim atravez de navios e portos importou os materiais e o Castelo ficou feito. Uns dizem que foi um presente para a sua namorada, depois mulher, Gabriela Besanzoni, porem nao sei por fato se ela alguma vez pisou os pes em Lauro Muller. O castelo ficou a disposicao de Henrique Lage, e com o passar dos tempos ficou nas Maos de Sebastiao Neto Campos. Hoje deve ser uma propriedade da Barro Branco, ou mudou de rumo, sei la, isso nao vem ao caso. .

Em 1950, aos 19 anos de idade, Angelo Araujo foi reconhecido por seu atletismo no futebol. O time do Sumare havia ficado campeao e Angelo havia feito o gol da vitoria. Embora Henrique Lage (o time), tenha perdido este campeonato, nao havia rivalidades. Angelo recebe uma proposta para trabalhar na Barro Branco. Logo em seguida decide se casar com Marina e assim o fazem. Depois de dois anos com a Barro Branco Angelo decide mudar para Rio Grande do Sul e trabalhar numa empresa Hidro-eletrica CE, que estava sendo fundada na area de Jacui. Por 13 anos ele fica afastado de Lauro Muller, e quando retorna em 1961, ele constroi um predio de dois andares e poe pra funcionar o Bar Lauro Mullense Taco de Ouro. O Unico bar com mesas de snoker e uma sorveteria. Foi um sucesso desde o principio. Por volta de 1970 Angelo decide mudar de negocios e troca o bar por um mercado de secos e molhados e abre uma carneacao de porcos, para abastefcer o mercado. Assim o bar ficou arrendado e a familia toda trabalhou no mercadinho Araujo. A camionete visitava a colonia todas as quintas para trazer produtos fresquinho para os moradores.

Nesta Epoca os residentes de Lauro Muller estavam vivendo momentos gloriosos. A empresa prometia estabilidade e, os empregados estavam contentes e acasalados. Havia a vila operaria que foi construida para alojamento das familias dos empregados de nivel medio. As casas tinham todas as amenidades necessarias, inclusive banheiros dentro e fora de casa. Embora construida tipo “Townhouses” ou emendadas, as casas serviam muito bem para os empregados, e a vila operaria ficou sendo uma famila. Atraia a cidade inteira.

E assim a cidade se dividia. A Elite por um lado, os comerciantes por outro e os operarios por outro. Era facil de saber quem era quem, e muito mais facil ainda haver unioes entre todo o povo.  A juventude Unida Lauro Mullense, conhecida como a JULM, foi criada pelos jovens, por volta dos anos 72, e consequentemente quebrou qualquer diferenca que pudesse haver entre classes. Todos  sentiram na pele a perda de vida e de uma sociedade, e com a ajuda da JULM foi construido um novo Clube numa area mais acima do nivel do rio. O Clube manteve sempre os costumes de outrora, com bailes de galas seis vezes por ano e continua assim ate hoje.
Mas voltando aos anos pre-enchente,  Lauro Muller se destacava no mapa como uma cidade importante, porem com a Barro Branco sendo dona de todas as terras era impossivel poder dar lugar a qualquer industria. E assim Lauro Muller cresceu ao redor de uma so empresa. E triste imaginar hoje Lauro Muller sem a Barro Branco, ou com a Barro Branco parada. Na verdade, ninguem imaginava isso. E intendivel uma so dona, pois trata-se de uma mina com jazidas de carvao e ninguem divide isso.

A enchente levou a vida de sete pessoas conhecidas na cidade. Entre elas o Sr. Manoel (Nelo) Cardoso, marido de Yolanda Cardoso. Seu Nelo me vem a cabeca porque ele era me dava “alo,” quando as sete da noite ele passava em frente ao bar em direcao ao Clube Cruz de Malta. O Sr.Manoel da Rosa, pai do meu amigo Francisco e Joana, tambem foi levado pelas aguas. Um rapaz chamado Vatoca, que se chama Walter Hotalsen Filho tambem foi levado pelas aguas enquanto etava no Clube Cruz de Malta.  Da familia locatelli morreram dois, pai e filho, sendo o Sr. Franquelino e o Filho Dario. O Marido de dona Korina, conhecido como Ze Hotalsen pai de minha amiga Elza e por ultimo o Gerson Riguetto (irmao do sorriso) tambem partiram. Houve tambem um falecimento na mina de carvao, mas este nao saberia dizer o nome.

Angelin Araujo conseguiu uma camionete emprestada por um dos colonos de Braco do Norte, e usou por sete meses depois da enchente, ate que comprou outra em 1972. 

E importante lembrar que antes dos anos 70 o padre era a principal autoridade na cidade. O Padre Hercilio nao so usou este privilegio, como fez com que todos o escutassem. Nao era permitido entrar na igreja de saia curta, e ele nao poupava ninguem de um sermao por estar com a bainha da saia sem encostar no chao quando ajoelhados. Ele seguia a lei e apresentava aos moradores. O Padre nao realizava casamento de alguem que fugia. Quero dizer, se voce tivesse dormido com o namorado, voce era proibido de casar na igreja de branco. O  povo adiquiriu um senso de moral muito baseado nos costumes da cidade,e impostos pela igreja sob a ordem do atual da epoca papa pio 12.  
 
A Sociedade do Cruz de Malta era composta por todos os que queriam participar. Como uma sociedade legal, organizada, tinha o objetivo de dar entretenimento ao povo. Os bailes sempre foram e continuam sendo de gala.

Logo depois da enchente a familia Araujo mudou se para uma parte alta da cidade. Durante a enchente de 1974 a familia Araujo ja havia deixado o predio, que ate entao esta intacto.

FIM


"Todos que vivenciaram este momento tem sua propria historia. Eu somente divide a minha, e estava com 9 anos na epoca. Nao sentia o que um adulto pode ter sentido. Apenas presenciei e agora estou dividindo. Um abraco."

Milton




 

 

Milton Laene Araujo